sexta-feira, 19 de março de 2010

Na margem de ti... A.P.


Na margem de ti, ao pé de ti fiz-me assim
estátua erguida em teus braços adormecida,
pousio que acalenta minha alma nua e despida
naquele inquieto sabor vago provado em mim.

Dissabores gastos nos nossos lábios prolongados
murmúrios de tão amados e vividos, já calados…
a sombra do nosso encontro pelo beijo unido em nós separado
a memória já lembrada de um tempo nunca passado

Deleite, prazer nunca tocado
êxtase, toque jamais recordado
a pena que em mim se levanta e em ti se planta
qual dor, fulgor que cobre nosso amor

O tempo em nós vive sem nascer
canta aos sonhos, sem a voz erguer
o remorso culpado de um dito por dizer
a paisagem já pintada de quem nunca aprendeu a ser

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