segunda-feira, 1 de março de 2010

A gota



Pesada, a gota cai ao de leve
inerte em suas tristezas e venturas a correr
tal desgraça que em minha paisagem vive
e que na poça de mim deixei abater

Apressada e angustiada, lamúrios e ecos
chega então o momento de findar
desconhece os rios de beijos secos
que nos séculos dos meus lábios formara

A última lágrima ou então sempre a primeira
de alguém que chora por nunca conhecer a verdadeira
deus chora, o homem afoga-se com o tudo para fazer
flutua a tristeza, afoga-se o nada por dizer

O que já foi dito em vão mergulhado está
o que já foi escrito para sempre rasgado ficará
só resta o frio, o teu murmúrio molhado
o segredo afogado a meus pés prostrado

Húmido, escorrendo o nada escondido
acariciado, olhando o que para lá ficou
imagens de um ser a ser beijado
o que sabe quem sou, mas desconhece o que formou

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