terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Narciso, a cor do pecado


Perdição, augúrio destino que me encontrou
qual Deus que sob mim se criou
arquitectura rígida de uma tal beleza
de todos os defeitos, o de mais abundante riqueza

Plátano fogoso que sob mim se envolve
trascendente fulgor que sobre ti chove
etéreo beijo que a Afrodite recusei
nuvem escura em que outrora me deitei

Sobre ti, criada a desgraça
semblante pálido da tua graça
qual atracção, qual amor por ti sentidas
qual desejo, qual sexualidade em ti omitidas

Orgulho, desprezo raivoso que inundou meus dias
natural pecado de se nascer nas noites frias
Qual Téspias, qual Beócia em mim juntas
presságio divino que com o pecado me pintas

Reflexo cintilante que as portas do olhar abriste
qual ego louco que em mim me viste
oxalá pudesse evitar meu pasmar
para jamais no lago me debruçar

Encontrei o amor sobre mim
sobre mim não encontrei o que quis, o que perdi
lago de cetim, pose de marfim
para sempre serei estátua de mim… ali

Transformado em flor, marca de horror
pecado funesto de uma alma fastidiosa
existência que me compadece de dor
para sempre serie exemplo de tal alma orgulhosa

1 comentário:

  1. Andas a trabalhar para as aulas de clássica :D É bem, é bem Vasquinhooo! :)
    Bj

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