terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Aquiles



De nariz aquilino
sob uma planície de cor e odor
qual néctar dos deuses, qual ritmo sem cor
transgredia o feio, ultrapassava o belo
engendrando suas formas sob o meu elo

Helénico nariz de tons magistrais
Deus entre os homens, um herói entre os tais
Qual Ulisses, Adónis ou Zeus
de todos eles o mais completo Deus

O queixo, almofada macia e pálida
adornava o mais sonhado dos orifícios
cuja graça expandida encantava
sonho, realidade, pecado que no Olimpo ofuscava

Os ombros, sepultura do mais fino marfim
suportavam a mais formosa das feras
O pescoço, tronco do paraíso mais vasto
instinto erótico que nos peitos se resguardava
cortinado de cetim, esferas róseas
peito alvo, rosas eróticas

Descendo, tentavam-se as planícies do desejo
ciprestes que aguardavam o verdadeiro beijo
num pequeno e doce lago
qual orifício, qual umbigo
a beleza de uma Afrodite, a perfeição de um Iago

Numa vasta e frondosa nascente
pêlos macios de um rico veludo
novelo de memórias num passado agreste
cetim, marzia, folha verde do meu tudo

Protegido sob o trevo do azar
quais desejos que no meu pensamento hão-de passar
quais evocações que meus pensamentos hão-de clamar
quais fluidos que sob a minha boca hão-de ficar

Verde e ofuscante, ocultava o fruto proibido
de todos o mais querido, dos pecados o mais apetecido
cabana que meu pensamento há-de povoar
oceano que minha consciência irá afogar

As pernas,
troncos que perfilhavam o aveludado helénico
colunas clássicas, obras eternas
coríntio, dórico ou jónico

A água que corria em seu corpo molhado
suor, fluído ou vinho rosado
cobria o seu destemido e místico calcanhar
escultura de mármore que tudo vale apreciar

Os pés, asas de águias ou condores
clássico helénico que eterniza passados
hirto calcário que em ti se toma
obra de arte que sob ti se forma

Quem o fizera nascer para a outros invejar?
Quem o fizera viver para outros matar?
Deus, Diabo, escultor ou pintor
de todos o mais perfeito senhor

Do Éden, o fruto a ser colhido
Da Babilónia, a rosa a ser roubada
De Roma, a arte de tudo, a eloquência de nada
Da Grécia, o desejo tentado, o Deus criado.

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