segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Lábios

Clausura janela a que se destina me bem querer
careço do negro padecer que a noite me traz e apraz
moroso é o vento que desenha nosso intento
o medo é esse receio desejado por outros atormentado

Vem ao longe, imaginado...
Bem de perto, solucionado...
A procura de quem aprendeu a encontrar
O perdido nunca de quem se sabe revelar

Naquele inventivo perdido em que vivo
vermelho apagado em meu sonho desenhado
o espaço coberto coberto que ao longe vejo de perto
areia, pó, daquele nada tão só

Inventivas discretas, em si mesmo descobertas
realce sombreado por um todo quanto levado
de dizer o dito afinado pelos olhos nunca cantado
caminho ou perigo em nossos lábios sugerido

Prenúncio existido daquele que beija quando deseja
efémero sem o ter nesse som sem tom
A palavra omitida pela poesia ofendida
tão pouco esse gesto que define tudo o resto

Preces demoradas

Plácida é a forma que a sombra retoma
entre os silêncios surdos que dormem sem se mover
a nascente que grita o calado ofuscado
de tanto chorado, tão só o beijo findado

Declamam os prazeres em tuas vestes
ofuscado é o prazer de te ver a ser
níveo beijo que em teu traço sobejo
castigar a luz ausente que te imprime jamais diferente

Venerado anseio de querer a que me apego
nesse todo sem parte de te ter
da condenação as algemas da sobrada esperança
exasperada saudade que em tudo me cansa´

Irreprímível é o olhar que me anseia a coragem
segundos são horas nessas demais delongas demoras
Invento as palavras em acordes desordenados
nessa prece que minha existência tece